
- Autocuidado
Adesão Terapêutica
A Organização Mundial da Saúde define adesão terapêutica como “o grau ou extensão em que o comportamento da pessoa em relação à toma da medicação, ao cumprimento da dieta e à alteração de hábitos ou estilos de vida corresponde às recomendações veiculadas pelos profissionais de saúde”.
É um conceito que remete para uma atitude ativa, participativa, voluntária e colaborativa entre utente e profissional de saúde… alicerçada numa relação de confiança e respeito mútuo, que visa o cumprimento de um plano terapêutico previamente discutido, devidamente explicado e prontamente acordado entre as partes.
A adesão terapêutica manifesta-se através de um conjunto de mudanças comportamentais intimamente associadas ao cumprimento do regime terapêutico prescrito, tais como - aquisição de medicamentos e toma da medicação, bons hábitos de vida(regime alimentar adequado, prática de exercício físico, abandono de comportamentos de risco) e seguimento em consultas.
Todo o plano terapêutico é multidimensional… englobando medidas farmacológicas e não farmacológicas, assim como estratégias e intervenções de carácter profilático (preventivo) e de promoção de saúde e bem-estar.
A adesão terapêutica é complexa e multifatorial, envolvendo variáveis intrínsecas e extrínsecas relacionadas com a pessoa, com a doença, com o tratamento, com fatores socioeconómicos e com os profissionais/serviços de saúde.
A não adesão terapêutica pode ser catalogada como intencional e não intencional.
A causa principal de não adesão terapêutica é o esquecimento - da toma da medicação, de informação relevante aquando da prescrição e/ou de outras recomendações de saúde.
Em função do envelhecimento populacional e face a graus de autonomia e independência individuais progressivamente comprometidos, a família e/ou cuidadores informais assumem - muitas vezes! - a função de gestores do plano terapêutico… sendo também eles (co)responsáveis no cumprimento do mesmo.
O plano terapêutico por si só não produz efeito, exigindo a consciencialização por parte do utente da necessidade de o cumprir… e o seu cumprimento propriamente dito!
A adesão terapêutica pressupõe por parte do utente uma clara perceção da doença, dos benefícios do tratamento e dos eventuais efeitos secundários/indesejáveis a ele associados… envolvendo motivação e compromisso, assim como esforço e dedicação do mesmo… tendo em vista alcançar os objetivos propostos.
A qualidade da comunicação utente-profissional de saúde é de capital importância em todo este processo… sendo que a totalidade da informação partilhada/transmitida deve ser claramente compreendida e entendida pelo utente.
Todo o plano terapêutico é proposto com o intuito de trazer benefícios/vantagens para o utente… sendo o profissional de saúde um parceiro em toda e qualquer jornada de saúde/cuidado.
O não cumprimento do plano terapêutico pode ter várias implicações, destacando-se a ausência de efeito terapêutico, utilização desnecessária de recursos de saúde/cuidado e a possível progressão desfavorável da doença.
O impacto da não adesão terapêutica depende sempre da condição médica(doença) associada… mas pode manifestar-se apenas e só anos após o incumprimento crónico do plano terapêutico.
A suspensão e/ou abandono de parte/totalidade de um plano terapêutico deve ser sempre discutida com o profissional de saúde… de forma a contextualizar eventuais riscos e complicações associadas a tal ação. Hospitalizações, danos irreversíveis e/ou morte são exemplos destes riscos/complicações.
A não adesão terapêutica tem importantes/relevantes repercussões socioeconómicas, constituindo presentemente um problema de Saúde Pública à escala mundial.
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